
Pernambuco
“O exílio dentro de casa” ou “Não podemos desanimar”
O Estado de Pernambuco é reconhecido por sua diversidade e pluralidade. As marcas da exclusão daquilo que está fora do eixo metropolitano, no entanto, são inegáveis e atingem de uma maneira específica a produção artística no que toca distribuição de recurso e visibilidade. Nessa categoria, que chamamos Pernambuco, tentamos intervir afirmativamente nesse processo de descentralização dos discursos e narrativas e apresentamos cinco obras de cinco cidade diferentes, cada uma de uma região específica do nosso Estado.
De Tracunhaém, Zona da Mata Norte, Rúbia Batista traz o ensaio “Zona da Mata Além do Norte”, com retratos de pessoas que se recuperaram da Covid-19; De Pesqueira, Agreste, Micaele e Kleber Xukuru apresentam o documentário “Guerreiros Xukuru em Defesa da Vida!”, que relata como esse povo indígena tem se organizado diante da pandemia; De Arcoverde, Sertão do Moxotó, o realizador Silveraço registra em "Cavalinho de Barro", como índice das adequações a isolamento social, o mestre Assis Calixto, do Coco Raízes de Arcoverde, em conversa remota com crianças, em seu celular. Em Afogados da Ingazeira, Sertão do Pajeú, Bruna Tavares e William Tenório escreveram uma “Carta para o Futuro”, filme narrado em primeira pessoa, que reflete pesarosamente sobre o tempo presente. A quinta obra, que vem de Petrolina, Sertão do Vale do São Francisco, chama-se “Em Si”. Realizado por Cora Acor e Isaac Zuza, o curta-metragem explora a relação de duas pessoas com a própria casa, personagem que ganha centralidade diante das restrições para sair às ruas.
No conjunto, percebemos a marca do nosso tempo. Um tom melancólico que paira sobre as vidas e sobre as obras feitas sob influência da maior crise sanitária da nossa geração. Talvez a imagem mais forte seja a de um exílio, sem que se tenha saído de sua própria casa. Isolamento, reflexões sobre esse novo modo de viver, reconexões e a busca por manter a saúde física e mental. Como diria Dona Zenilda Xukuru, em “Guerreiros Xukuru em Defesa da Vida”, “Não podemos desanimar”.
