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Olhares Dissidentes

A dissidência como devir

A mostra “Olhares dissidentes” faz parte da segunda chamada de obras do projeto “Narrativas Periféricas do Fim desse Mundo”. São dez trabalhos que  se somam nesse exercício de narrar, a partir de um lugar de dissidência, um outro projeto enquanto possível no presente. Se a periferia – seja ela a favela o quilombo ou a aldeia – já era lugar de tensionamento de uma estrutura marcadamente excludente e limitante, a pandemia veio para potencializar essa força crítica e criativa. 

 

“Olhares dissidentes” debate a potência do relacionamento gay afro-centrado no ensaio fotográfico “Goela Abaixo”, assinado por Emanuel Araquan em Belém do São Francisco, ao mesmo tempo em que apresenta das janelas da favela de Santo Amaro, no Recife, as reflexões e o cotidiano de jovens LGBTQs, em pandemia,  em “A visão dentro do Quadrado” de Uenni. Já Ester Menezes, reinventa o tarô em um ensaio de autorretratos performáticos e aproveita os arquétipos do oráculo para criar outras imagens do que pode ser um futuro decolonial. 

 

A ancestralidade africana aparece com força e espiritualidade em “Laroyê” de Rennan Peixe e em “Comunidade Xambá para além dos 90 anos” de Guitinho da Xambá. Peixe apresenta um vídeoarte-oferenda a Exu, o orixá que comunica o passado e o futuro, já Guitinho mostra a história do seu quilombo a partir de entrevistas com seus parentes. O encontro entre o mestres Joab Jó e Fábio Soares, no documentário Conversa Cabôca, por sua vez, traz à tona reflexões que circundam os fazeres da capoeira, cavalo-marinho e Maracatu Rural no cenário da Zona da Mata Norte.

 

Priscila Nascimento e Camila Rodrigues nos apresentam as marcas da experimentação em obras feitas sem sair de casa. A primeira, um videoperformance chamado “Fim de um Mundo” com referências afrofuturistas, a segunda o episódio piloto da série “Juventudes da Periferia” feito em animação sobre colagem. Fechando a nossa curadoria, Maria Clara Brandão traz “Eu me isolo” projeto em que debate através de fotos e depoimentos, o agravamento dos transtornos mentais no período da pandemia.

 

A urgência de abandonar velhos paradigmas torna-se cada vez mais necessária e pulsante na medida em que se escancara a falência do nosso modelo. Não há melhor lugar pra pensar o que vem, que não o da lugar da dissidência. Esse conjunto de obras contém, ao mesmo tempo, diversidade e força. Por um lado é dedo em feridas abertas do que é, por outro, apontamento do que poderia ser. E será.

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